segunda-feira, 15 de março de 2010

Jornal Avante numero 10 - comemorativa ao 88 anos do PCB



Periódico mensal do núcleo Paulo Petry, distribuido aos estudantes brasilerios em Cuba, às juventudes comunistas da América Latina representadas na Ilha Socialista, à UJC/Cuba e a diversos intelectuais marxistas cubanos.

A X edição publicada em março de 2010.


X ediçãoarquivo em "pdf"

Leia também as edições anteriores:

IX ediçãoarquivo em "pdf"
VIII ediçãoarquivo em "pdf"
VII ediçãoarquivo em "pdf"
VI ediçãoarquivo em "pdf"
V Ediçãoarquivo em "pdf"
IV Ediçãoarquivo em "pdf"
III Ediçãoarquivo em "pdf"
II Ediçãoarquivo em "pdf"

sábado, 13 de março de 2010

Gregório, Gregório (a Gregório Bezerra, camarada de sonhos, de vida)


impenetrável nordestino,

como casca de jabuti; duro

por fora, tenro

e terno

no lado interno.


impenetrável aos fantoches da repressão

e ao patrão da não vida,

da não justiça,

da não verdade.


nunca gritou de dor por seu corpo;

nunca reclamou de sua sede no sertão;

tampouco lutou contra sua fome,

por seu espaço, seu traço, seu maço

de notas de papel.


não viveu preso por

exigir sua própria liberdade, nunca,

em décadas de escuridão e agonia

nos calabouços de tirania.


não foi o egoísmo

que o forjou livre, foi seu povo

ainda mais martirizado,

tenso e leve.

seu povo criança

faminto e esquecido no sertão.


viver tantas vidas o libertou.

tornou-se ar e água,

pão e sonhos,

ontem, agora e amanhã;


viver tantas vidas o libertou

da culpa omissa

e da desculpa promíscua

de viver a própria vida.


recuperou a vida quitada

nos anos de solitárias imundas

dedicando-se à vida sofrida,

ao sertanejo,

ao gaúcho dos pampas.


tomou partido por seu povo

e tal partido por toda vida.

tornou-se ar e água,

pão e sonhos.

Gregório está ao meu lado

e ao teu.


Otávio Dutra


Homenagem aos 110 anos do camarada Gregório Bezerra (13 março de 1900 - 13 de outubro de 1983):

Gregório vive!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Trova aos 88 anos do PCB - Havana/Cuba


Convite para a trova que o coletivo da UJC/PCB realizará na Escola Latino Americana de Medicina - Havana/Cuba, em que já estao convidadas as delegacoes de diversas Juventudes Comunistas e movimentos sociais, intectuais marxistas cubanos e estudantes de todos os países de Nuestra América. Uma atividade em homenagem ao nosso PCB e seus 88 anos, que nos enche de esperança revolucionária.

Viva os 88 anos do PCB!
Viva os 110 anos de Gregório Bezerra!
Ousar lutar, ousar vencer!

terça-feira, 9 de março de 2010

Pela unidade comunista e pelas lutas latino americanas! Petry sempre presente!*

Da esquerda para a direita na mesa : Ivan Pinheiro, Ronald Rocha, Amauri Soares e Paulo Petry

Fotos da divulgaçao internacional do Forum de Unidade dos Comunistas - Venezuela 2006

No Brasil não podemos falar de solidariedade internacional sem mencionar o camarada Petry. Incansável em sua luta pela defesa da autodeterminação dos povos do mundo, Petry foi, é e sempre será um exemplo pra todos nós.

Paulo Ricardo Petry nasceu em Lageado, Rio grande do Sul. Iniciou sua militância no PCB em fins da década de 70, quando estudava Direito em Porto Alegre. Foi um importante líder estudantil em seus tempos de universitário. Acompanhou Luiz Carlos Prestes em suas autocríticas e críticas à política do Partido nos anos 80, sendo um dos fundadores da Corrente Comunista Luiz Carlos Prestes, na qual militou por todos seus seguintes anos de vida.

Depois de graduado, Petry começa a atuar como advogado dos explorados, tendo como foco o movimento comunitário. Foi militante da União da Associações de Moradores de Porto Alegre (UAMPA) e da Federação Estadual das Associações de Moradores do RS (FRACAB). Nestas organizações ajudou a organizar a luta por moradia e pela legalização fundiária das favelas da capital gaúcha. Foi também sindicalista, atuando na Associação de Funcionários da Assembléia Legislativa do RS, onde trabalhava.

Incansável na luta de nosso povo ai não se deteve: cedo começou a compartir sua vida militante com nossos irmãos latino americanos. Nos anos 80 articulou e participou das Brigadas de Solidariedade em Cuba e na Nicarágua, além de contribuir na fundação do Instituto Olga Benário Prestes de solidariedade internacional. Entre 1984 e 86 participou da criação da Associação Cultural José Martí (ACJM) no Rio Grande do Sul, responsável pela difusão e organização da solidariedade com a Revolução Cubana, em que trabalhou ativamente por todos os anos seguintes de sua vida. Petry foi um dos protagonista na organização nacional das ACJM e no fortalecimento do movimento brasileiro de solidariedade e pela Autodeterminação da Ilha Socialista. Foi também um dos principais articuladores no Brasil da Escola Latino Americana de Medicina em Cuba, em que até seus últimos dias dedicou-se para transformar jovens do povo em médicos humanistas e revolucionários.

Seguindo o exemplo de unidade aprendido em tantos anos de trabalho com a Revolução Cubana, Petry foi um dos idealizadores do Fórum de Unidade dos Comunistas, junto aos camaradas do PCB e da Refundição Comunista, estando presente em sua fundação em novembro de 2005. Em janeiro de 2006 esteve na Venezuela para a divulgação internacional do Fórum, evento em que estiveram presentes diversas organizações comunistas da América Latina e de outras regiões do mundo.

Infelizmente, o incansável camarada não pode assistir o desenvolvimento daquilo que tanto sonhava, a reconstrução unitária do movimento comunista no Brasil, fator primordial e indispensável para a luta revolucionária em nosso pátria. Em 13 de julho de 2006 deixou a vida, mas seu exemplo de entrega e compromisso com nosso povo oprimido permanece presente nas novas gerações de comunistas. Um grande lutador que consagrou sua vida em defesa do movimento comunista e de sua unidade, do internacionalismo proletário e de Cuba Socialista.

Paulo Petry – sempre presente!

*Núcleo Paulo Petry da UJC.


sábado, 6 de março de 2010

20 anos sem Prestes - ele está mais presente que nunca!


Luiz Carlos Prestes: 20 anos sem o "Cavaleiro da Esperança"

Leia abaixo o discurso proferido neste domingo (7/3) por Marcus São Thiago, Secretário Geral do Instituto Luiz Carlos Prestes (ILCP) durante homenagem feita ao lutador do povo no Rio de Janeiro.

PRESTES VIVE!

Em 7 de março de 1990, desaparecia da vida cotidiana política do Brasil, o inesquecível Senador Luiz Carlos Prestes, nosso Cavaleiro da Esperança, na homenagem de Jorge Amado, sem dúvida um ícone revolucionário da América Latina e do Mundo.

Sua efetiva atuação histórica começou na década de 20, com a Coluna Prestes – o momento culminante do tenentismo – que reuniu um exército guerrilheiro de aproximadamente 1.500 homens e mulheres, comandados por uma dúzia de oficiais do Exército e da Força Pública de São Paulo, entre os quais se destacava Prestes. A Coluna percorreu 25.000 quilômetros, através de 13 estados do Brasil, derrotando 18 generais governistas, sem jamais ter sido desbaratada, apesar do enorme poderio bélico mobilizado contra ela. Inspirados nos ideais de “representação e justiça”, os “tenentes” batiam-se por conquistas como o voto secreto e pela moralização dos costumes políticos, corrompidos pelo domínio oligárquico em vigor durante a República Velha.

O assassinato da companheira de Prestes, Olga Benário, resultado de uma perseguição imposta pelo governo de Getúlio Vargas, que a entregou, com respaldo do Supremo Tribunal Federal, à Alemanha Nazista; as prisões; a clandestinidade; os exílios; a perseguição de vários governos ao Partido Comunista Brasileiro, do qual foi secretário geral por muitos anos - nada disso abalou sua convicção de dedicar sua vida à causa de um mundo melhor para todos. Prestes nos falava que guardava do testemunho de vida de Olga “a lição de que o ser humano resiste a qualquer provação com dignidade, quando a sua luta é pela justiça e liberdade”.

Prestes lutou uma vida inteira em prol do ser humano. Nunca se rendeu ao capital. Constituiu-se num exemplo de conduta reta na vida pública. Foi eleito senador, após 10 anos de prisão impostos pelo governo Vargas, e ajudou a elaborar a Constituinte de 1946, uma carta magna avançada para a época, graças à atuação e às propostas aprovadas pela bancada de deputados do PCB, como o direito de greve.

No período do golpe militar de 64, ainda secretário geral do partido, exilou-se em Moscou, por determinação do PCB, pois era o primeiro da lista de perseguições políticas do regime de exceção, que cassou o mandato do presidente João Goulart, de muitos políticos e, principalmente, de militantes de esquerda no país. Na sua volta do exílio, em outubro de 1979, o aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, foi tomado por uma multidão de 10.000 pessoas, principalmente de correligionários, que queriam ver e ouvir uma das maiores lideranças políticas da América Latina no século passado. O “velho”, como era carinhosamente chamado nesta época por nós que militávamos com ele, discursou, de improviso, do teto de um automóvel e lembrou de citar, um por um, todos os membros do comitê central do PCB, “desaparecidos” pela ditadura que estava no fim.

Por muitos anos minha geração e outras não puderam estudar e conhecer melhor a história do Cavaleiro da Esperança, devido aos anos de arbítrio e restrição dos direitos civis, impostos pelos autoritários de plantão em vários períodos do século 20 no país, fantoches dos interesses imperialistas, que enxergavam e ainda enxergam em Prestes uma ameaça constante à manutenção de um sistema baseado na exploração do homem pelo homem.

A perseguição implacável exercida pelos representantes do capital, durante toda a sua vida, não foi suficiente para fazer calar em Prestes suas convicções socialistas, nem arrefecer seu ímpeto constante no combate ao capitalismo selvagem, que tanta desigualdade, miséria e exclusão social provoca no mundo. Por vezes surgiam divergências entre Prestes e companheiros de lutas quanto às táticas para combater o capitalismo. Nas discussões e embates travados só não abria mão de seus princípios. Não havia possibilidade de conciliar com o inconciliável. Por vezes, esta postura o deixou isolado politicamente. Não importava: seu maior compromisso era com o povo e com as lutas travadas para a sua efetiva libertação e avanços.
Sua maior virtude foi lutar e se entregar pelo que acreditava ser responsabilidade de todos: um mundo melhor. PATRIOTA, COMUNISTA E REVOLUCIONÁRIO, Prestes deixou um exemplo de dedicação integral ao povo brasileiro e à causa internacionalista do socialismo. Neste momento em especial, a classe política de nosso país deveria se mirar na sua conduta. Prestes, apesar de toda a sua liderança e importância histórica, faleceu sem possuir bens e sobrevivia apenas com a colaboração de alguns sinceros e dedicados companheiros de luta e ideais. Inclusive chegou a recusar ofertas e possibilidades legais de pensões e indenizações oferecidas pelo governo como reparação ao que passou nas mãos de seus algozes.

A fim de preservar o seu legado e acervo documental histórico, um grupo de companheiros e correligionários, capitaneados por Anita Prestes, fundou o INSTITUTO LUIZ CARLOS PRESTES, no Rio de Janeiro. As finalidades e atividades do ILCP pretendem envolver, fundamentalmente, a preservação documental e do acervo relacionado às vidas de Luiz Carlos Prestes e Olga Benário Prestes, além da realização, no futuro, de atividades educacionais que visem promover o legado de Prestes junto às novas gerações e a inclusão social, através da implantação de projetos e programas. Além disso, o ILCP vai manter parceria e apoio constantes aos movimentos sociais, principalmente à luta pela reforma agrária, como instrumento fundamental para promover a inclusão social, através da maior riqueza e patrimônio desta nação e do seu povo: a terra.

No mais, fica a nossa convicção de que a conduta e o exemplo de Prestes servem à história deste país como referências permanentes para a construção de um Brasil bem melhor no futuro.
Seu exemplo de dedicação inabalável e intransigente, na causa de uma sociedade mais justa foi o maior legado que devemos transmitir às atuais e futuras gerações. Essa é a nossa grande responsabilidade! Suas idéias não morrerão jamais! Continuarão em cada um que faça da dedicação integral ao ser humano a verdadeira razão de sua existência, para a efetiva colaboração na construção de uma sociedade e mundo mais justos e melhores!

Prestes vive! Viva Prestes!

Marcus São Thiago
Advogado, Educador e Secretário Geral do ILCP- Rio de Janeiro

e o burguês se assusta



ALERTA!
ALERTA!
- Grita o gordo burguês -
O INIMIGO RESSURGE!

Avança a juventude comunista,
jovens rebeldes de uma classe roubada,
mancebos construtores da historia
desde um proletário
ponto vista.

Estes versos não exigem nem rima,
nem métrica,
nem mística;
preferem a linguagem popular
à erudita.

Avança a juventude comunista
dos sofridos filhos,
operários,
camponeses,
soldados;
dos alegres combatentes que não cessam
o sorriso de esperança,
por organizar, estudar e combater
na mais bela das lutas:
aquela dos homens e mulheres livres.

Avança a juventude comunista,
que resiste ao capataz
com sonho;
que resiste ao patrão
com voz unitária;
que resiste ao império sanguinário
com internacionalismo
proletário.

Esta è a juventude comunista
que pensavam estar morta
pelos muitos que dela mataram
com tortura; amargo.
Mas de algumas sementes dormentes,
de árvores fortes com raízes profundas,

ressurge - ousada
valente - armada
rebelde - organizada.

E comendo perdiz,
o gordo burguês se assusta;
agarra-se no topete da esposa.
Mas não pode resistir,
seu exército está minado de jovens revolucionários
letrados de Marx e Lênin,
e com a herança de Lamarca, Prestes e Olga Benário;
nas escolas,
nos campos,
e nas fabricas,
reconstruindo o partido comunista,
como instrumento de luta classista,
a juventude segue avançando.



Otávio Dutra

quarta-feira, 3 de março de 2010

51 anos de Revolução Cubana: socialismo é humanidade

Coletivo Paulo Petry*
Havana, 31 de dezembro de 2009



















O primeiro dia de cada novo ano é muito mais que o reveillon para um rebelde povo. Foi num dia como este, há 51 anos, que o heróico povo cubano livrou-se definitivamente das garras da grande águia do norte e iniciou seu próprio caminho de soberania, liberdade e justiça. O triunfo da revolução cubana é o culminar de quase 100 anos de incansáveis batalhas e sacrifícios das massas e seus verdadeiros heróis.

A cada novo ano de resistência socialista, o processo cubano nos enche de esperança revolucionária, com inquestionável exemplo de que os povos oprimidos do mundo podem escolher um caminho alternativo ao domínio imperialista e à exploração do capitalismo. Essa esperança torna-se ainda mais concreta se buscamos compreender a história deste processo, real e presente, que se forjou em um movimento de gerações revolucionárias. Façamos assim, um breve resgate histórico, que além de uma singela homenagem ao povo cubano é também um legado para o nosso próprio caminho revolucionário.

Recordemos que Cuba constituiu-se como colônia espanhola no século XVI e, desde então, sua economia foi baseada no trabalho do escravo negro e na produção açucareira. A partir de meados do século XIX acentuaram-se as contradições entre a metrópole e as elites crioulas locais, em virtude das crises econômicas mundiais de 1857 e 1866, da baixa nos preços do açúcar e da decadência do império espanhol. Tais contradições culminaram nas guerras de libertação nacional: a “Guerra dos 10 anos” (1868-1878), liderada por Carlos Manuel de Céspedes, e a Guerra de Independência (1895-1898), na qual surge o líder José Martí, um homem muito a frente de sua época, cujas idéias patriotas e humanistas, somadas a sua exemplar prática como revolucionário, o consagraram herói nacional de Cuba. Desde a guerra de independência Martí já alertava o perigo que vinha da América do Norte, em um chamado ao povo cubano pela sua real libertação.

Durante esse processo, o incipiente movimento das massas de trabalhadores, ainda com precárias formas de organização e politicamente pouco ativas, não pode fazer contraponto à força das classes senhoriais. Os chamados criollos não conduziram as lutas de libertação do domínio espanhol para uma revolução política contra ordem existente, temendo que o controle político militar do movimento se deslocasse para os grupos sociais identificados com a pressão popular por revolução democrática. Assim, as forças do movimento de libertação nacional foram canalizadas para uma “revolução dentro da ordem” que, assegurando a permanência das oligarquias, estabeleceu entre elas e os EUA um pacto que permitiu ir até o fundo a “modernização da colonização indireta”, a través da incorporação financeira e comercial de Cuba aos EUA. Em 10 de dezembro de 1898, com a assinatura do Tratado de Paris entre EUA e Espanha, Cuba deixou de ser colônia espanhola para estar subordinada ao imperialismo Ianque. Em 1º de janeiro de 1899 foi oficializada a ocupação militar estadunidense em Cuba. No ano de 1901 a Emenda Platt foi adicionada a Constituição cubana, permitindo a intervenção estadunidense em caso de seguridade nacional. Foi através de tal emenda, que os EUA criaram a base militar de Guantanamo, existente até hoje, mesmo com a abolição da Emenda Platt em 1934. Dessa maneira a burguesia internacional firmou suas garras em Cuba, realizando em 1902 a expropriação de terras dos camponeses por empresas como American Tobacco Company, Cuban American Sugar e a United Fruit Company.

O despertar cubano, ainda que sob a frustração do sonho patriótico, serviu como experiência para as lutas que se travariam nas décadas seguintes, sendo agora o crescente imperialismo dos EUA o principal inimigo, assim como já deixava claro José Martí.

No inicio do século XX se organiza o movimento operário em Cuba, bem como o movimento estudantil influenciados pelas conquistas da Revolução de Outubro, a Revolução Mexicana, e as reformas universitárias ocorridas em diversos países da América (como Argentina, Chile e Peru). São constantes greves obreiras e estudantis no país. Em 1904 Carlos Baliño (que fundou junto a Marti o Partido Revolucionário Cubano), fundou o Partido Socialista Obreiro, que se converteu em Partido Socialista de Cuba. Em 1923 foi fundada a Federação Estudantil Universitária, por Julio Antonio Mella, que em 1925, junto a Baliño, fundou o Partido Socialista Popular (equivalente ao primeiro Partido Comunista de Cuba). Em 1939 foi fundada a Confederação de Trabalhadores Cubanos.

A necessidade da luta antiimperialista volta com vigor no processo revolucionário iniciado em 1933, desencadeado pelos efeitos da crise do capital de 1929. A organização dos movimentos de massa, especialmente do movimento operário e estudantil, culminou com a derrocada do ditador Geraldo Machado e a instituição do chamado “Governo dos 100 dias” que foi duramente reprimido pelas forças Ianques. Tal movimento evidenciou o papel contra revolucionário da burguesia nacional e dos latifundiários, dependentes e associados aos interesses do Império.

No contexto pós II Guerra Mundial acirraram-se as contradições e a miséria no país, configurando marcadamente fortes condições objetivas para a retomada do processo revolucionário. Diante do crescimento do movimento de massas e da possibilidade de uma vitória eleitoral do partido ortodoxo (com ideais patrióticos e democráticos), em 1952 Fulgencio Batista aplicou um golpe de estado, novamente com amplo apoio das forças militares do norte.

As massas populares se opuseram a ditadura e sua atividade cresceu na mesma proporção ao agravamento da situação do país. O movimento operário foi ilegalizado, sendo a luta contra a ditadura organizada dentro dos sindicatos clandestinos, com orientação do Partido Socialista Popular.

Nesse processo desempenhou um papel determinante a vanguarda revolucionária que dirigiria as atividades das massas no sentido de terminar as tarefas iniciadas nas lutas contra o colonialismo espanhol e nos combates da geração de 1930. Fidel e Raúl Castro, Melba Hernandez, Haydeé e Abel Santamaría, junto a outros 117 jovens mártires, organizaram os corajosos ataques ao Quartel Moncada e ao Quartel Carlos Manuel de Céspedes, inaugurando uma nova fase na luta revolucionária cubana, em que a guerra civil oculta passava a ser aberta e a luta armada a forma fundamental de enfrentamento ao regime.

O ataque ao quartel Moncada em 26 de julho de 1953 teria como objetivo obter armas, dar a conhecer o movimento revolucionário que surgia e incorporar as grandes massas populares. O fracasso militar do assalto levou os revolucionários sobreviventes à prisão e à organização do Movimento 26 de Julho (M-26-7). Na cadeia, os revolucionários trataram de prepara-se teoricamente, ao mesmo tempo em que conduziam a organização e fortalecimento do movimento a través da campanha de anistia. É neste contexto que Fidel escreve sua magistral defesa que anunciava os princípios norteadores da revolução cubana: “A historia me absolverá”.

Trás sua saída da prisão, em 1955 os revolucionários são perseguidos e ameaçados. Fidel se exila no México e desde aí busca nos exilados cubanos o financiamento para o preparo militar do M-26-7, que seguiu se articulando e crescendo na ilha, com grande inserção no meio estudantil e operário. No México Fidel conhece Ernesto Guevara, que passa a ser conhecido como Che. Em 2 de dezembro de 1956 desembarcam 82 revolucionários em Cuba, depois de uma longa viagem desde o México a bordo do Iate Granma, entre eles Fidel, Raúl y Che. Esses, apoiados pelo forte movimento construído em solo cubano, iniciam o braço armado guerrilheiro na Sierra Maestra.

O M-26-7 unificou os combatentes do Diretório Revolucionário 13 de março, de José Antonio Echeverría, e o Partido Socialista Popular, de Blas Roca, em torno da estratégia revolucionária de libertação nacional, cuja luta antiimperialista constituiu um elemento central. O objetivo foi buscar, através da revolução nacional, a instauração da democracia, da soberania popular e um desenvolvimento independente. Palavras de ordem que de início serviam tanto ao proletariado como a setores da burguesia nacional, mas que forjaram as bases para um direcionamento socialista da revolução à medida que a organização das classes oprimidas ganhou espaço. Da unidade entre o M-26-7, o Diretório Revolucionário e o PSP surgiu o equivalente social e político do partido revolucionário, que abriu o caminho para a revolução das massas exploradas.

Com o triunfo da revolução em 1º de janeiro de 1959 os representantes das oligarquias e o imperialismo foram varridos do governo revolucionário recém instaurado. A radicalização do processo revolucionário cubano significou não apenas a criação do primeiro Estado socialista da América Latina, mas também a esperança e o exemplo dos povos oprimidos deste continente.

O dia 1º de janeiro foi apenas o inicio das vitórias contra o imperialismo e exploração do povo cubano. Neste mesmo ano, o governo revolucionário iniciou a nacionalização de empresas pertencentes ao grande capital internacional, entre estas 36 industrias açucareiras, que dominava 40% da produção de açúcar do país. Realizou-se também a primeira Reforma Agrária, que distribuiu 50% das terras cubanas a cerca de 600 mil famílias. Nacionalizou-se a saúde e a educação. Em 22 de dezembro de 1961, graças ao trabalho de mais de 100 mil jovens, professores e trabalhadores, Cuba se tornou o primeiro país da América livre de analfabetismo. Nesse mesmo ano Fidel Castro profere seu inesquecível discurso declarando a Revolução Cubana de caráter socialista.

Do triunfo revolucionário aos dias atuais

A medida que avançavam as conquistas o heróico povo cubano, crescia também a contra-ofensiva do império. Ainda em 1961 a CIA financia e organiza o ataque de 1200 mercenários a Playa Girón, cujas tropas foram derrotadas pelo povo combatente. Foi então que para organizar o povo cubano e defender suas conquistas foram criados os Comitês de Defesa da Revolução – CDR, possibilitando a construção do socialismo e da democracia popular em cada bairro. Depois desse, vieram muitos outros ataques, como a explosão de uma avião em 1976 que matou 73 pessoas, cujo autor, Juan Posadas Carrilles, segue livre baixo proteção ianque.

Além dos ataques terroristas, em 1962 EUA expulsa Cuba da Organização dos Estados Americanos, OEA, e declara o bloqueio econômico à Ilha, buscando impedir que outros países comercializem ou desenvolvam qualquer tipo de relação com este país. Com o bloqueio genocida, Cuba estreita suas relações com a União Soviética, através de acordos comerciais, militares e de solidariedade. Também nesse período, em 1965, concluiu-se o processo de unificação dos grupos revolucionários em um único partido. Dessa forma se constituiu o Partido Comunista de Cuba, de caráter marxista-leninista, com Fidel Castro como Secretário Geral.

Os feitos da revolução cubana seguiram impressionando nos anos seguintes. Em poucos anos Cuba desenvolve-se como potência científica em diversas áreas, como a medicina e a farmacologia. Torna-se o país com maior expectativa de vida e menor mortalidade infantil das Américas, números comparáveis aos mais desenvolvidos países europeus. Desenvolve-se no âmbito dos esportes e cultural, sendo, por exemplo, o país de todo mundo com o maior percentual de escritores per capita, mostra do nível intelectual alcançado pelo povo durante o socialismo. Nas artes plásticas, na dança, na música, no cinema e no teatro a revolução deixou também sua marca: um povo culto é um povo livre, parafraseando José Martí.

O socialismo cubano também não acabou em si mesmo. Os cubanos deixaram marcas de emancipação em diversos países. Na África, para exemplificar, contribuíram com os esforços para a libertação nacional de várias nações, como Angola, Etiópia, Congo e Moçambique, sendo sua participação fundamental para o fim do regime Apartheid na África do Sul.

Na década de 80 os acordos com o campo socialista passaram a responder por 85% do intercambio de mercadorias realizadas por Cuba. Na década de 90, com a desintegração da URSS e do socialismo no leste europeu, teve inicio uma das épocas mais difíceis da história do aguerrido povo cubano: o período especial.

No primeiro ano após a dissolução do campo socialista do leste europeu e da União Soviética, o produto interno bruto decaiu 33%. A questão energética foi uma das mais prejudicadas, colapsando o transporte. Um exemplo do caos gerado foram as muitas safras de alimentos que apodreceram no campo, já que sem combustível para o transporte não podiam ser deslocadas às cidades. Faltavam alimentos, remédios e outros produtos essenciais. Nesse contexto, o cruel bloqueio imperialista tornou-se ainda mais perverso.

Mesmo com tamanhas dificuldades, em pleno período especial, o povo cubano ratifica sua vontade de seguir construindo o socialismo em plebiscito nacional, com mais de 90% dos votos e uma participação de quase 100% da população. Talvez, por tão heróica resistência e convicção do rumo escolhido, que Fidel considera o Período Especial “o mais glorioso dos 50 anos da Revolução Cubana”. Nessa etapa as idéias criativas para superar as dificuldades foram muitas, como o desenvolvimento de um efetivo programa de agricultura urbana, referencia mundial, que hoje emprega cerca de 400 mil cubanos e produz alimentos para milhões.

Em contraponto, o período especial gerou também uma serie de novas contradições cujas soluções tornaram-se, atualmente, os principais desafios para o avanço do socialismo em Cuba. Para reverter o processo de carência e dependência econômica criaram-se diversas empresas mistas (parcerias entre o Estado - sócio majoritário – e empresas capitalistas), com a finalidade de aumentar e diversificar a produção agrícola e industrial. Para incrementar a arrecadação do Estado, Cuba foi obrigada a abrir-se ao predatório turismo internacional.

Com tais medidas, Cuba pôde evitar a ofensiva da contra-revolução capitalista e manter as mais importantes conquistas da revolução. No entanto, este longo período de dificuldades materiais foi bastante marcante na determinação da consciência social. Um grande contingente de cubanos deixou o país durantes os anos do período especial, e problemas como a prostituição, o mercado negro e a corrupção, tornaram-se presentes. As desigualdades internas foram intensificadas, especialmente quanto à valoração do trabalho: um trabalhador do turismo, um taxista particular, alguém que recebe dinheiro de um familiar no exterior ou que aluga um quarto para estrangeiros têm maiores possibilidades de consumo que um exemplar operário, um médico ou um reconhecido professor universitário.

Essas contradições têm sido os maiores desafios do Estado cubano, do Partido Comunista e das organizações de massa do povo. A fim de avançar na superação delas, o governo revolucionário tem proposto à população uma série de reformas - cabe ressaltar que elas têm um caráter absolutamente distinto das contra-reformas que vem sendo aplicadas no Brasil. Uma delas trata da legislação trabalhista e objetiva aumentar a produtividade industrial e a agilidade dos serviços, por meio de incentivos materiais aos trabalhadores mais dedicados e comprometidos com a revolução. Tal medida vem no sentido de reafirmar o principio socialista de “receber de acordo com seu próprio trabalho e esforço”, rumando assim no sentido de diminuir a burocratização dos serviços e a corrupção, que estagnam a produção. Outra importante medida adotada recentemente é a distribuição das terras ociosas do Estado aos pequenos agricultores e a garantia de condições para produzir, com o objetivo de aproximar Cuba da soberania alimentar.
Mesmo com tantas dificuldades, Cuba segue sendo vanguarda ao que se refere a solidariedade internacional. Atualmente estudam em Cuba cerca de 50 mil estudantes estrangeiros, dos mais diversos cursos universitárias, sendo a maioria medicina. Além disso, são bastante conhecidas as missões cubanas de solidariedade na área de saúde e educação, hoje presentes em mais de 70 países, em especial aos que estão em guerra ou que sofrem de catástrofes naturais. Somente na Venezuela são mais de 35 mil cubanos, entre médicos, profissionais da saúde e educadores. Outro relevante exemplo do internacionalismo do socialismo cubano é o projeto Escola Latino Americana de Medicina - ELAM, idealizado pelo Comandante Fidel Castro em um momento em que toda a América Central havia sido assolada por três furacões. Este ano o projeto comemorou 10 anos de existência, com uma grande quantidade de médicos atuando em toda a América Latina, incluindo por exemplo a fundação de hospitais populares. Atualmente, cerca de mil brasileiros estudam em Cuba.

Ainda assim os ataques imperialistas não cessam. O assassino bloqueio segue vigente, mesmo com as sucessivas votações contrarias nas assembléias da ONU, em que apenas 3 nações do mundo se mantêm favoráveis a sua continuidade. Os prejuízos para Cuba são incalculáveis: em apenas 8 horas de bloqueio o governo cubano poderia reparar cerca de 40 creches ou em 1 dia comprar 139 ônibus de transporte urbano. O caso dos cinco heróis cubanos é outro exemplo da desumanidade que impõe o monstro do norte - como definia Simon Bolívar – presos por lutar contra o terrorismo dos EUA.

Muitos insistem em deturpar o caminho escolhido pelo povo cubano, mas os fatos não escondem a verdade: em 51 anos o socialismo humanizou a sociedade cubana. Cuba é o único país das Américas em que a violência, tão crescente no Brasil, é insignificante. Havana, uma capital com quase 3 milhões de habitantes, é tão tranqüila quanto uma pacata cidade do interior, em que assassinatos e seqüestros ficam restritos aos romances policiais. Cuba é um país que trabalha cotidianamente para superar a desigualdade de direitos entre os gêneros, para superar o racismo, a discriminação e tantas formas de opressão, tão enraizadas em nossas sociedades. Outros não cansam de afirmar que a Revolução Cubana é coisa do passado e que o socialismo morreu junto a URSS. Para esses respondemos que não somente é presente o socialismo em Cuba, mas que vem fortalecendo seus princípios e ideais à medida que avançam os processos revolucionários na América Latina. Em contrapartida, processos como o venezuelano e o boliviano, sem a Revolução Cubana provavelmente não existiriam e o caminho da barbárie a que conduz o capitalismo aparentaria ser a única via para a humanidade. Cuba e o socialismo nos permitem seguir sonhando com a utopia de um mundo humano, no mesmo sentido em que dedicaram suas vidas tantos mártires nesses 51 anos de revolução. Por eles e pelas gerações futuras o povo cubano jamais abandonará as trincheiras conquistadas.


*Núcleo da UJC em La Habana/Cuba, formado por estudantes de medicina.